Talvez muitas pessoas ignorem o que é sinuelo. Mesmo muita estância, atualmente, não possui mais um amestrado sinuelo para os apartes de bois num pelado de rodeio. Este serviço agora é feito em tronco. Até as tropas são faturadas desta maneira. Tem lá suas vantagens. Poupa os cavalos e com pouca gente e tempo se aparta, refuga qualquer número de reses.
O sinuelo era formado de um lote de seis a doze bois de igual pelagem, tendo, porém, sempre um deles o pêlo diferente. Por exemplo: se o lote de bois fosse salino, um deles era mouro ou vice-versa. Os animais para futuro sinuelo era escolhidos pela pelagem e tirados da cria com dois anos de idade. Depois ficava, à parte, em um potreiro, para se enquadrilharem. Feito isso,começava-se, então, a ensina-los a missão que deveriam vir a desempenhar nas lides do campo.
Todos os dias eram trazidos do potreiro e, por várias vezes, obrigados a entrar e sair da mangueira, a fim de aprenderem a fazer isso com facilidade, segurança e presteza. Eram metidos como já disse, a gritos e a laço, mangueira adentro e porteira afora. Para alerta-los ou acelerar a marcha, se gritava: "Sinuelo boi" – E, para tranqüiliza-los ou pará-los, o grito era: "Oxe boi".
Cada vez de se levantar um rodeio ou mover-se com o gado, mesmo em plena marcha e ao aproximar-se de uma porteira ou mangueira, gritava-se pelo sinuelo, a fim de que ele ponteasse, fazendo com que o resto do gado o seguisse.
Nos rodeios, se colocava o sinuelo a uma distancia de uns 80 metros. Lá ele ficava, sem mover-se, cuidado por dois homens à espera das reses que seriam apartadas. Essas reses eram tiradas do rodeio uma de cada vez, calçadas entre dois ou três campeiros, aos gritos de "fora, boi", e levadas a pata de cavalo e, se possível, assavam-lhe a roseta da esporas no lombo. Mas, ao aproximarem-se do sinuelo, agiam com calma, a fim de não espantarem as reses ou bois ariscos que já tinham sido apartados e estavam entre o sinuelo.
Hoje em dia, em falta de sinuelo, para se conduzir alguma animal xucro ou para os apartes dos rodeios, improvisa-se um sinuelo com vacas e bois mansos. Isso resolve e facilita o serviço. Em tempos idos, cada estância apresentava seu sinuelo de bois criados e de pelagem original, como africano, nilo e jaguané. E tinham maior satisfação ainda em demonostrar como os animais era bem adestrados no serviço. E a gauchada de lado, fazia valer suas qualidades campeiras, ressaltando a perícia e boa rédeas de seus pingos, soltos de pata, barbaridade!
Como era lindo o grito de "Ta fora, boi", cerrando perna no pingo, costeleando o boi a ponto de riscar-lhe o fio do lombo com a espora. Um homem é um homem. E o que é do homem o bicho não come.
Autor : Raul Annes Gonçalves
Do livro Mala de Garupa (Costumes Campeiros)
Terceira Edição – Martins Livreiro
Fonte: Hilton Luiz Araldi
O sinuelo era formado de um lote de seis a doze bois de igual pelagem, tendo, porém, sempre um deles o pêlo diferente. Por exemplo: se o lote de bois fosse salino, um deles era mouro ou vice-versa. Os animais para futuro sinuelo era escolhidos pela pelagem e tirados da cria com dois anos de idade. Depois ficava, à parte, em um potreiro, para se enquadrilharem. Feito isso,começava-se, então, a ensina-los a missão que deveriam vir a desempenhar nas lides do campo.
Todos os dias eram trazidos do potreiro e, por várias vezes, obrigados a entrar e sair da mangueira, a fim de aprenderem a fazer isso com facilidade, segurança e presteza. Eram metidos como já disse, a gritos e a laço, mangueira adentro e porteira afora. Para alerta-los ou acelerar a marcha, se gritava: "Sinuelo boi" – E, para tranqüiliza-los ou pará-los, o grito era: "Oxe boi".
Cada vez de se levantar um rodeio ou mover-se com o gado, mesmo em plena marcha e ao aproximar-se de uma porteira ou mangueira, gritava-se pelo sinuelo, a fim de que ele ponteasse, fazendo com que o resto do gado o seguisse.
Nos rodeios, se colocava o sinuelo a uma distancia de uns 80 metros. Lá ele ficava, sem mover-se, cuidado por dois homens à espera das reses que seriam apartadas. Essas reses eram tiradas do rodeio uma de cada vez, calçadas entre dois ou três campeiros, aos gritos de "fora, boi", e levadas a pata de cavalo e, se possível, assavam-lhe a roseta da esporas no lombo. Mas, ao aproximarem-se do sinuelo, agiam com calma, a fim de não espantarem as reses ou bois ariscos que já tinham sido apartados e estavam entre o sinuelo.
Hoje em dia, em falta de sinuelo, para se conduzir alguma animal xucro ou para os apartes dos rodeios, improvisa-se um sinuelo com vacas e bois mansos. Isso resolve e facilita o serviço. Em tempos idos, cada estância apresentava seu sinuelo de bois criados e de pelagem original, como africano, nilo e jaguané. E tinham maior satisfação ainda em demonostrar como os animais era bem adestrados no serviço. E a gauchada de lado, fazia valer suas qualidades campeiras, ressaltando a perícia e boa rédeas de seus pingos, soltos de pata, barbaridade!
Como era lindo o grito de "Ta fora, boi", cerrando perna no pingo, costeleando o boi a ponto de riscar-lhe o fio do lombo com a espora. Um homem é um homem. E o que é do homem o bicho não come.
Autor : Raul Annes Gonçalves
Do livro Mala de Garupa (Costumes Campeiros)
Terceira Edição – Martins Livreiro
Fonte: Hilton Luiz Araldi
Muito interessante...
Ouvi essa palavra em uma música e vim buscar saber o que quer dizer.
Agradeço a explicação.