O papa dos payadores - em memória
Meu irmão de querer bem,
peço licença primeiro,
é o payador brasileiro,
que do pampa largo vem,
para mostrar o que tem
depois da última conquista.
No mundo tradicionalista,
alcançou o terceiro grau;
do mangrulho do Jarau,
a voz crioula farfalha,
a legenda da Medalha
Jayme Caetano Braum.
O motivo da honraria,
a quem de um modo, ou de outro,
tenha amanunciado potro,
entre o solo e a porfia.
A guitarra, uma guria,
filha da deusa pampiana,
retratando a quero-mana
nos requebros da cantiga.
A musa por ser antiga,
alcança métrica e rima
e o payador põe a estima,
a luz que nos interliga.
Nem todos que receberam
tiveram o mesmo privilégio,
de pertencer ao colégio,
aonde os pajés aprenderam.
Mas por certo mereceram,
pelo trabalho em defesa
da nossa maior riqueza:
bons hábitos e costumes,
que servem de guia e lumes,
aos povos do mundo inteiro,
é o gaúcho brasileiro
ante o altar dos perfumes.
Ao papa dos paydores,
Caetano Braum, poesia,
quem sabe, talvez, um dia,
quando o Senhor dos senhores,
proclamar nossos amores,
ao largo do infinito,
eu possa dizer contrito:
que fiz tudo quanto pude,
pra mostrar tua virtude,
aos que chegaram depois,
como solistas, nós dois,
somos sempre juventude...
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