Leia a emocionante história da panela de carreteiro dada pelo pai do Pedro Ortaça ao Noel Guarany, o qual, como prova da grande amizade que sentia, a deu como presente para o Jayme Caetano Braun. O desfecho comovente desta história envolvendo grandes expoentes da música e poesia gaúchas, você lê no texto abaixo. Esta história, foi publicada originalmente no Jornal da Região e enviada pelo senhor Savio Moura de São Luiz Gonzaga ao nosso amigo Hilton Luiz Araldi.
Jornal da Região
São Luiz Gonzaga, 15 e 16 de novembro de 2008
Bossoroca
Recuperada, panela de carreteiro, que foi de Noel Guarany, já faz, parte de seu acervo.
Após uma longa procura, Bossoroca conseguiu fazer o resgate da ‘panela de carreteiro’ que pertenceu a Noel Guarany. Essa peça estava sob a guarda da família de Jayme Caetano Braun, mas ultimamente quem tinha a sua posse era o cidadão Dilton Osmar Alves dos Santos, conhecido como “Bombachudo”.
A prof.ª Maria Júlia Ferreira Honn foi quem o colocou a par da longa procura dessa panela, visando cumprir o desejo do próprio Jayme de devolvê-la a seu dono. Maria Júlia elogiou a capacidade de compreensão e a consciência cultural de Dilton dos Santos, pois ao tomar conhecimento do caso, disse: “É com imenso prazer que recambeio esta panela para o acervo do Município de Bossoroca, compreendo o seu valor histórico”. É interessante acrescentar que essa panela foi oferecida como presente a Noel Guarany, pelo pai do Pedro Ortaça.
A prof. Maria Júlia Ferreira Honn, que trabalha na organização da nova edição do “Tributo a Noel Guarany”, promoção da Prefeitura de Bossoroca, disse que “são atitudes de desprendimento deste tipo que engrandecem a cultura do RS”. Maria Júlia também tornou público pedido para quem tenha a posse de objetos que pertenceram a Noel Guarany, que os envie à Prefeitura de Bossoroca, para enriquecer o acervo que está sendo montado no “Espaço Noel Guarany”. Nesse local já estão expostos diversos objetos que pertenceram ao grande intérprete e letrista. Inclusive, na pasta onde guardava os originais das suas composições, foi encontrado o original da “Milonga da Panela”, de autoria de Jayme Caetano Braun, onde manifesta o desejo de Noel, após ter um neto, obter novamente a posse da panela. “Missão cumprida”, disse a prof. Maria Júlia. A seguir, o poema:
Milonga da Panela
Panela de carreteiro,
dos tempos da monarquia
em constante romaria,
no velho pago campeiro,
regalo de um missioneiro
que me ofertou – de presente,
mas agora – indiferente,
a uma amizade sadia,
vive a sonhar – noite e dia,
chorando a panela ausente!
Maestro dos veteranos
da nossa canção bravia!
uma panela vazia,
não vale teus desenganos!
deixa isso pra os profanos
que a nossa história revela.
Guarani – a vida é tão bela,
em nossa terra baguala,
pra que gastar tanta fala
por causa de uma panela?
Larga de mão – eu te peço,
da idéia de entrar em juízo,
termina dando prejuízo,
só com as custas do processo,
o tempo aponta o progresso,
já sem relincho nem berro;
podes errar – como eu erro,
continuando desunidos
e nós dois sermos cozidos,
nessa panela de ferro!
Os três pés dessa marmita,
queimada – de casca escura,
são – na verdade – a estrutura
da nossa terra jesuíta,
por isso bugre – acredita,
na fala deste mestiço;
– canta – e não pensa mais nisso,
deixa que durma o passado,
o Pedro Ortaça é o culpado
de todo esse rebuliço!
Fica a panela comigo,
pois dela tenho usufruto,
cada segundo e minuto,
lembranças do tempo antigo
e – se não falo contigo,
por causa de uma querela,
caso eu estique a canela,
já está gravado o decreto:
– quando tiveres um neto,
manda buscar a panela!
Jayme Caetano Braun
Viamão - RS
Jornal da Região
São Luiz Gonzaga, 15 e 16 de novembro de 2008
Bossoroca
Recuperada, panela de carreteiro, que foi de Noel Guarany, já faz, parte de seu acervo.
Após uma longa procura, Bossoroca conseguiu fazer o resgate da ‘panela de carreteiro’ que pertenceu a Noel Guarany. Essa peça estava sob a guarda da família de Jayme Caetano Braun, mas ultimamente quem tinha a sua posse era o cidadão Dilton Osmar Alves dos Santos, conhecido como “Bombachudo”.
A prof.ª Maria Júlia Ferreira Honn foi quem o colocou a par da longa procura dessa panela, visando cumprir o desejo do próprio Jayme de devolvê-la a seu dono. Maria Júlia elogiou a capacidade de compreensão e a consciência cultural de Dilton dos Santos, pois ao tomar conhecimento do caso, disse: “É com imenso prazer que recambeio esta panela para o acervo do Município de Bossoroca, compreendo o seu valor histórico”. É interessante acrescentar que essa panela foi oferecida como presente a Noel Guarany, pelo pai do Pedro Ortaça.
A prof. Maria Júlia Ferreira Honn, que trabalha na organização da nova edição do “Tributo a Noel Guarany”, promoção da Prefeitura de Bossoroca, disse que “são atitudes de desprendimento deste tipo que engrandecem a cultura do RS”. Maria Júlia também tornou público pedido para quem tenha a posse de objetos que pertenceram a Noel Guarany, que os envie à Prefeitura de Bossoroca, para enriquecer o acervo que está sendo montado no “Espaço Noel Guarany”. Nesse local já estão expostos diversos objetos que pertenceram ao grande intérprete e letrista. Inclusive, na pasta onde guardava os originais das suas composições, foi encontrado o original da “Milonga da Panela”, de autoria de Jayme Caetano Braun, onde manifesta o desejo de Noel, após ter um neto, obter novamente a posse da panela. “Missão cumprida”, disse a prof. Maria Júlia. A seguir, o poema:
Milonga da Panela
Panela de carreteiro,
dos tempos da monarquia
em constante romaria,
no velho pago campeiro,
regalo de um missioneiro
que me ofertou – de presente,
mas agora – indiferente,
a uma amizade sadia,
vive a sonhar – noite e dia,
chorando a panela ausente!
Maestro dos veteranos
da nossa canção bravia!
uma panela vazia,
não vale teus desenganos!
deixa isso pra os profanos
que a nossa história revela.
Guarani – a vida é tão bela,
em nossa terra baguala,
pra que gastar tanta fala
por causa de uma panela?
Larga de mão – eu te peço,
da idéia de entrar em juízo,
termina dando prejuízo,
só com as custas do processo,
o tempo aponta o progresso,
já sem relincho nem berro;
podes errar – como eu erro,
continuando desunidos
e nós dois sermos cozidos,
nessa panela de ferro!
Os três pés dessa marmita,
queimada – de casca escura,
são – na verdade – a estrutura
da nossa terra jesuíta,
por isso bugre – acredita,
na fala deste mestiço;
– canta – e não pensa mais nisso,
deixa que durma o passado,
o Pedro Ortaça é o culpado
de todo esse rebuliço!
Fica a panela comigo,
pois dela tenho usufruto,
cada segundo e minuto,
lembranças do tempo antigo
e – se não falo contigo,
por causa de uma querela,
caso eu estique a canela,
já está gravado o decreto:
– quando tiveres um neto,
manda buscar a panela!
Jayme Caetano Braun
Viamão - RS
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